S. Miguel do Rio Torto: Actualidade e História

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Natural de S. Miguel do Rio Torto (Abrantes). Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Estágio Profissional no Arquivo Histórico do Concelho de Abrantes. Pós-graduado em Ciências Documentais (Arquivo). Organizei e Inventariou o Arquivo da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Mestre em História - Museologia pela Universidade de Coimbra. Interesses de Investigação: Maçonaria, História da vida estudantil, História da Universidade, Patrimónios material e imaterial da vida estudantil. Museu Académico de Coimbra. Autor de vários livros como as biografias de Lucas Junot, Dr. Joaquim Isabelinha e de instituições como o Museu Académico de Coimbra. Actualmente sou técnico superior da Universidade de Coimbra e Mestre de Cerimónias Adjunto no Protocolo da Universidade de Coimbra.

domingo, fevereiro 03, 2008

S. Miguel do Rio Torto em Notícia no diário "Novidades" de 1954.












Embora por vezes a imprensa seja tendenciosa, a verdade é que na falta de outras fontes para fazer a história nos tenhamos que socorrer desta, foi o que aconteceu no caso, sobretudo quando o Correio de Abrantes faz a remissiva para uma reportagem de um periódico a nível nacional, neste caso, o celebérrimo Jornal NOVIDADES de 20 de Novembro de 1954, acerca de S. Miguel do Rio Torto.
Confirmámos no NOVIDADES a veracidade da notícia acerca da reportagem e o certo é que fomos apanhados de surpresa por uma série de “novidades” que não esperávamos, desde mais de uma página de reportagem com muita informação, uma página com a publicidade do comércio da Freguesia, mas, o que mais impressionou foram as imagens que o periódico tinha e que reproduzimos por imagens retiradas através de maquina fotográfica digital, com destaque para as seguintes: uma imagem da entrada da aldeia em 1954, com muitas diferenças para a actualidade; uma maquete do novo edifício sede da Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto ainda em construção (pois apenas seria inaugurada em Julho de 1956 pelo então Ministro das Corporações: Dr. Henrique Veiga Macedo, que se deslocou a S. Miguel do Rio Torto para o efeito – vide a reportagem da inauguração feita pelo “Correio de Abrantes” em Julho de 1956, em número especial dedicado ao evento), a imagem de Nossa Senhora da Conceição que está na capela da aldeia e cuja vinda está relacionada com a primeira invasão francesa, tal como imagens do Dr. António Augusto da Silva Martins e de Henrique Augusto da Silva Martins.
Vamos então proceder a uma análise generalizada do que consta na reportagem e podemos referir que se trata de descrever de forma generalista a aldeia, senão vejamos o que consta na reportagem.
Há alusão a quem eram consideradas as grandes individualidades da época: Henrique Augusto da Silva Martins e o Dr. António Augusto da Silva Martins, que não vale a penas estarmos a aprofundar mais, visto que não acrescenta nada de novo ao que já referimos nas Biografias que fizemos destas personagens.
O novo edifício sede da Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, então em construção mereceu uma entrevista do seu então Presidente José Alves de Almeida que referiu a construção duma nova sede constituía para esta terra uma premente necessidade. Contamos já com a comparticipação do estado que em boa hora apoiou o empreendimento. A acção da Casa do Povo poderá em boa hora alargar-se e cumprir-se em melhores condições. Além disto refere também a Direcção da Casa do Povo à época constituída por: Assembleia Geral: José Alves Arega (Presidente), António Dias Cabaço (1 º Vogal) e Manuel Esteves Antunes (2 º Vogal), enquanto que a Direcção é composta por: José Alves de Almeida (Presidente), Manuel Antunes Esteves (Secretário) e Firmino Antunes (Tesoureiro).
José Alves de Almeida refere também os gastos com a assistência, nomeadamente com inválidos, para nascimentos, mortes, etc. Por fim há ainda referências ao plano educativo baseado na Campanha Nacional de Educação que, como refere José Alves de Almeida foi, primeiramente orientado por ele e agora pelo Professor João Alves de Almeida. A Nível cultural, continuando a sua entrevista, José Alves de Almeida refere a existência de uma Filarmónica que tem agora [1954] a actividade suspensa por falta de fardamento próprio, mas já foi feito o pedido de uma verba à FNAT que já foi aprovado. Por fim, refere ainda que está em vista a criação de um rancho folclórico e de um grupo cénico.
O actual edifício estava ainda em construção e na entrevista José Alves de Almeida refere que O novo edifício comportará […]: um posto médico e um museu etnográfico.
Destaque também para a abordagem da vida religiosa em S. Miguel do Rio Torto, com uma reportagem acerca do S. Miguel Arcanjo e a imagem de Nossa Senhora da Conceição, referindo que se trata de uma imagem de jaspe, setecentista e que tanto a imagem como a capela foram compradas por subscritura pública a uma família. Faz também alusão à Capela do Vale de Cortiças referindo há uma capela com invocação da Nossa Senhora da Boa Morte e que, é de propriedade particular mas está aberta ao público. No entanto, também refere a actividade paroquial, referindo que o então pároco, Padre José Martins de Oliveira tinha um grande prestígio na paróquia, referindo mesmo que O Padre José Martins de Oliveira é um sacerdote novo, com espírito gentilíssimo e totalmente dedicado ao seu munus pstoral.
Depois, vem a parte das reclamações para melhoramentos, com alusão à rede eléctica que poderia estender-se até à Igreja Paroquial e fornecer energia eléctica ao casal do Moinho do Meio; que precisam de urgente reparação as anteparas metálicas da ponte do Rio Torto. Estas eram as necessidades da época.
Também os outros locais da Freguesia de S. Miguel do Rio Torto não ficaram esquecidos, nomeadamente com o alerta das necessidades que tinham.
As Arreciadas, refere, em letras garrafais O telefone, água potável, a reconstrução de uma estrada e um edifício escolar. São as maiores necessidades do lugar de Arreciadas.
Também o local de Carvalhal (junto da Estação de Abrantes – Freguesia de S. Miguel do Rio Torto que, QUEM AINDA TEM DÚVIDAS A ESTE RESPEITO DA DELIMITAÇÃO DAS FREGUESIAS, TENHA A BONDADE DE CONSULTAR A PORTARIA DE MARÇO DE 1934, QUE NOMEIA A COMISSÃO PARA DELINEAR OS LIMITES E ESTÁ EM DIÁRIO DO GOVERNO DE 2 de Março de 1934, 2 ª Série, p. 838, TAL COMO O DECRETO-LEI QUE DELIMITA AS FREGUESIAS DE S. MIGUEL E ROSSIO ESTÁ NO DECRETO-LEI N º 24574, QUE PODE SER CONFERIDO NO DIÁRIO DO GOVERNO DE 19 de Outubro de 1934, 1 ª Série, p. 1889 e p. 1890, aliás, estão imagens dos referidos diplomas legais neste blog en post de Janeiro de 20o7)não ficou esquecido, sendo referido em letras garrafais: Pela criação de uma Estação dos CTT no Carvalhal de Abrantes) .
O Lugar de Cabrito (Também Freguesia de S. Miguel do Rio Torto) também não foi esquecido e refere que as suas principais necessidades são: Macadamização da sua estrada, luz eléctrica e água canalizada.
Em relação às Bicas, as principais necessidades da época são o telefone e mais uma sala escolar.
Em termos viários, a grande novidade é a da necessidade de uma estrada de S. Miguel do Rio Torto ao Semideiro, com passagem pelas Bicas.
Em traços gerais, era este o panorama de uma Freguesia Rural do Concelho de Abrantes na década de cinquenta do Século passado.

LEGENDA:

Imagem 1: Entrada de S. Miguel do Rio Torto em 1954
Imagem 2: Maquete da nova Sede da Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto ainda em construção.
Imagem 3: Imagem da Nossa Senhora da Conceição existente na Capela de S. Miguel do Rio Torto.
Imagem 4: Henrique Augusto da Silva Martins, natural de Carvalhal, S. Miguel do Rio Torto, que havia sido Presidente da Câmara Municipal de Abrantes nas décadas de 1930 e 1940 cuja Biografia já está apresentada num post do site.
Imagem 5: Dr. António Augusto da Silva Martins, um médico ilustre com ligações a S. Miguel do Rio Torto, também já Biografado neste site e com uma Biografia mais completa da minha autoria na Revista de História Local de Abrantes “Zahara”, no n º 9 da publicação citada com o título António Augusto da Silva Martins: desportista e discípulo de Hipócrates abrantino.


BIBLIOGRAFIA:

Correio de Abrantes de 5 de Dezembro de 1954

Novidades de 20 de Novembro de 1954

AGRADECIMENTOS

À Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra onde consultámos os periódicos referidos.