O Dr. João José Luís Damas nasceu em S. Miguel do Rio Torto em 1871, no lugar do Arneiro, sendo filho de Álvaro Damas e Maria do Rosário Damas.
Provávelmente terá estudado em S. Miguel, tal como, também provávelmente, terá feito os seus estudos no Liceu de Santarém, pois era para onde ia a maioria dos estudantes do Distrito, no entanto, isto são apenas suposições, pois até ao momento ainda não encontrei documentação que o possa provar, mas certamente que se os Arquivos do Liceu de Santarém estiverem organizados poderá saber-se se frequentou o Liceu de Santarém ou não, esta será uma dos objectivos numa das minhas próximas idas a Santarém.
Estudou na Escola Médico Cirurgica do Porto, cidade onde se aproximou dos ideiais Republicanos e principalmente da Carbonária, tendo participado no malogrado golpe de 31 de Janeiro de 1891 no Porto.
Após ter concluido o Curso, instalou-se em Rossio ao Sul do Tejo, tendo consultório no Largo de Paralva naquela localidade.
Como Médico, embora tivesse modos rudes, pois ralhava muito com os doentes, era um médico dos pobres, pois percorria todo o Concelho de Abrantes a cavalo branco, não importava a que horas da noite fosse para socorrer os seus doentes e, após muito ralhar ... não cobrava nada pela consulta às pessoas que ele via que não tinham condições económicas para pagar. Mais tarde, já não era a cavalo, pois tirou a carta e comprou um carro, conta-se até que no seu exame de condução o examinador lhe terá dito para fazer uma manobra de marcha atrás ao que ele se recusou e o examinador intrigado lhe perguntou como é que tirava o carro da garagem sem fazer marcha atrás, resposta pronta do Dr. Damas: a minha garagem tem duas portas, uma para entrar, outra para saír.
Ainda como Médico foi muitos anos o Médico do partido Municipal e era especialista em curar uma doença da época que se chamavam as "sesões" (ainda não consegui apurar o que era de facto esta doença), além disso, usava como estectoscópio uma toalha molhada enrolada que encotada ao ouvido e ao corpo do doente.
Voltando ao Republicanismo, após a implantação da República em 1910, aderiu ao Partido Democrático do Dr. Afonso Costa, herdeiro do velho Partido Republicano Português, tendo sido Deputado logo nas primeiras constituintes de 1911 e em outras legislaturas durante a primeira república, contudo, da sua acção como deputado na primeira república a que mais importa realçar é o facto de em 1916 ter apresentado no Parlamento o projecto de elevação a cidade de Abrantes, projecto que foi aprovado e Abrantes foi cidade.
Após a queda da primeira República em 1926 foi bastante penalizado, tendo sido afastado de muitos cargos que ocupava, além de ter sido mudado o nome de uma Rua em Abrantes que tinha o seu nome. No entanto, não deixou de conspirar contra o Estado Novo tendo sido interrogado pela PVDE (antecessora da PIDE), embora estranhamente eu já tenha contactado a Torre do Tombo e obtido a resposta que nos Processos da PIDE não há nenhum processo relativo ao Dr. Damas, o que não deixa de ser estranho pois consta que terá estado na eminência de ir para o Tarrafal e só não foi por intercedência do então Ministro da Justiça: Professor Doutor Manuel Rodrigues Júnior (natural de Bemposta) de quem era amigo pessoal.
Faleceu a 22 de Agosto de 1938, tendo sido sepultado no dia seguinte num jazigo do cemitério de Abrantes.
Quanto ao memorial do Dr. Damas, apenas existe o Largo Dr. João José Luís Damas em Rossio ao Sul to Tejo, sendo de lamentar que tanto S. Miguel do Rio Torto, sua terra natal, como a cidade de Abrantes, da qual apresentou no parlamento o projecto de elevação a cidade ainda não tenham uma Rua com o seu nome.
Nota: Quem quiser saber algo mais sobre a figura do Dr. João José Luís Damas poderá consultar a obra "As Constituintes de 1911 e os seus deputados", uma obra editada em 1911 pela Assembleia da República que tem pequenas Biografias dos deputados, no entanto, esta obra é extremamente rara e, tanto quanto eu saiba existe um exemplar na biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e outro na Biblioteca Nacional, o que não exclui a possibilidade de existiram mais exemplares.
Nota: A imagem foi retirada da obra As Constituintes de 1911 os seus deputados. Lisboa: [S. N.], 1911.
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